Nenhuma das escolhas feitas para um projeto elétrico residencial é aleatória. Pelo menos não deveria ser. A posição das tomadas e interruptores, distribuição de energia e organização dos fios pode atrapalhar a experiência no lar, tornar o cômodo menos funcional e ainda aumentar o risco de segurança.
O que devemos considerar no projeto elétrico residencial?
Pensar na estrutura para ser relevante e funcional a quem usar o imóvel é um bom norteador para projetos elétricos, independente do tipo de imóvel onde a instalação será executada.
Existem projetos onde há um ou dois interruptores no mesmo cômodo, mas nenhum próximo da porta ou corredor. Ambientes com espaço adequado para posicionar sofás ou camas, mas nenhuma tomada próxima, caso alguém queira carregar o celular.
A quantidade de tomadas necessárias também é um ponto de muita atenção. Banheiros certamente são locais que não precisam de tantas tomadas, duas (para o chuveiro e outro aparelho, como secadores e barbeadores elétricos) são suficientes. Mas a cozinha pode manter mais aparelhos ligados ao mesmo tempo, como geladeira, fogão, airfryer, liquidificador, entre outros aparelhos. Quanto menos precisar de adaptadores para suprir a demanda, melhor para os moradores.
Outro problema comum é a quantidade de energia que será usada em determinado cômodo. O eletricista pode escolher a distribuição igualitária de energia para todo o imóvel, desconsiderando que alguns ambientes e eletrodomésticos podem exigir mais dos circuitos elétricos que outros. Luzes que piscam ao ligar aparelhos são bons exemplos do resultado do mau planejamento técnico.
Projetos elétricos residenciais não consideram apenas a instalação do sistema elétrico, mas também devem se atentar aos hábitos daqueles que moram e frequentam o local.
Etapas da instalação elétrica residencial
Existem várias etapas agregadas ao desenvolvimento do projeto elétrico e sua execução que vão desde a análise da propriedade onde será feita a instalação até a vistoria e liberação do imóvel para uso. Entenda algumas etapas importantes do processo a seguir.
Análise da planta baixa do imóvel
Todo o projeto começa com a análise da planta baixa do imóvel, um mapa com todas as medidas de cada cômodo do imóvel, incluindo vãos e corredores, elaborado por quem construiu o imóvel A partir das dimensões e finalidade do cômodo, podemos calcular a quantidade de energia, iluminação e tomadas que precisará para atender os objetivos.
Cálculos e previsão de cargas
Aqui se enquadram as considerações iniciais que fizemos neste artigo, pois elas vão influenciar as características e a qualidade do projeto elétrico.
Para calcular a necessidade elétrica do ambiente, precisamos definir o propósito de cada cômodo e como será usado. Uma sala que também é usada como espaço de trabalho, ou cozinha com mais de um refrigerador, possuem necessidades de carga diferenciadas.
Visando manter o ambiente mais flexível possível, o mais sensato é preparar o espaço para ambas as possibilidades, com tensão elétrica ideal para prezar sua funcionalidade
Iluminação e tomadas
Após análise da planta baixa e levantamento de dados sobre a área de cada cômodo, podemos definir pontos estratégicos para instalação de iluminação, quantidade e altura ideal para instalar tomadas e interruptores, bem como a divisão de circuitos do projeto.
Vale considerar qual o tipo de tomada mais adequada para o ambiente:
a) Tomada de Uso Geral (TUG): ideal para equipamentos elétricos que usam tensão comum de até 10A, como batedeiras, liquidificadores, carregadores de celular, televisão, etc.; ou
b) Tomadas de Uso Específico (TUE): próprio para equipamentos com necessidades especiais, que usam corrente elétrica entre 10A e 20A, como ar-condicionado, airfryer, secadora, etc.
Para a iluminação, podemos definir a quantidade mais adequada conforme as dimensões do ambiente. Em áreas de até 6m² é recomendado 100VA, no mínimo. Acima de 6m² pode adicionar 60VA a cada 4m² extras.
Quanto as tomadas, áreas menores de 6m² devem ter no mínimo uma tomada de 100VA, enquanto áreas maiores de 6m² deve conter uma tomada de 100VA a cada 5 metros, distribuídas uniformemente. Lembrando sempre que as recomendações variam conforme o tipo de equipamento que será utilizado no local.
Condutores e eletrodutos
Definido as cargas e corrente necessária para tornar o ambiente funcional, cabe ao projetista definir detalhes sobre condutores e eletrodutos que serão usados.
As seções nominais, ou “bitolas”, podem variar o tamanho, sendo que as menores usadas por norma é de 1,5mm² para condutores de iluminação, e 2,5mm² para condutores de tomadas.
Existem três tipos de condutores:
a) Fase: podem ser de diversas cores, exceto as usadas para neutro e terra. São conectados à rede e fornecem energia para as cargas elétricas que alimentarão tomadas e iluminação.
b) Neutro: de cor azul-claro, conduz corrente de retorno das cargas para a fonte de alimentação. É conectado à terra na origem da instalação e fornece um caminho de retorno para a corrente elétrica, aumentando a proteção contra choques.
c) Terra: de cor verde ou verde e amarela, é usado como caminho de segurança para a corrente de fuga. É conectado à terra na origem da instalação e protege contra falhas e curtos-circuitos.
Ligações elétricas
Após elaboração do projeto elétrico por um profissional capacitado, chegou o momento de executar a obra com apoio de um eletricista. Somente o profissional credenciado pelo CREA regional pode interpretar as informações e realizar a instalação elétrica, seja pela segurança ou pela qualidade do projeto elétrico.
O eletricista fará a conexão entre o padrão de alimentação da concessionária, ramal de ligação, medidor e quadro de distribuição de energia, de onde saem os circuitos terminais distribuídos por todo o imóvel.
A ligação pode ser:
a) Monofásica: feita com dois fios (fase e neutro), tem voltagem de 127V ou 220V e alimenta até 12KW.
b) Bifásica: feita com três fios (dois fios fases, um neutro), tem voltagem de 127V e 220V e alimenta entre 12KW e 25KW.
c) Trifásica: feita com quatro fios (três fios fases, um neutro), tem voltagem de 220V ou 380V e alimenta 25KW até 75KW.
Cuidados com as normas técnicas
Cabe ao profissional avaliar a conformidade de disjuntores, circuitos elétricos, condutores e inspeção do quadro de distribuição de energia. Para cumprir esse objetivo, a pessoa responsável deve ter pleno conhecimento sobre as normas técnicas da ABNT, especialmente a NBR 5410 que define as regras e padrões de instalações elétricas de baixa tensão.
A concessionária local também pode definir padrões de instalação importantes e específicos para a região que o eletricista também deve ter conhecimento.
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